sábado, 6 de dezembro de 2008

Educar, uma questão de amor “A criança não deve ser oprimida ou censurada por estar pouco desenvolvida. Ela deve ser pacientemente educada” Abdu L - Bahá Fazer com que as crianças sintam-se amadas é um aspecto fundamental para o desenvolvimento de uma boa educação. Para os pais, o amor incondicional que sentem pelos filhos está claro, mas para os filhos, nem sempre, este amor é tão claro assim. O amor não é apenas um sentimento, mas uma força que produz ações e transformações quando é adequadamente comunicado. A comunicação do amor é tão importante quanto o sentimento do amor. As crianças entendem e respondem às emoções, aos gestos, expressões faciais e comportamento dos adultos muito antes de serem capazes de compreender sua palavras. Para elas o comportamento diz muito mais que as palavras. Alguns cuidados importantes para uma efetiva (e afetiva) comunicação com as crianças, não só nos momentos das “broncas”, mas para mostrar como se importa com ela, é agachar ficando na mesma altura da criança, olhá-la nos olhos, tocá-la e ouvir atentamente o que ela tem a dizer. Crianças experimentam atitudes e erram, pois é assim que elas aprendem. É importante que fique claro para elas que, mesmo que os pais reprovem determinados comportamentos, o amor que eles sentem por ela não será modificado. Também é importante ficar atento para julgar as atitudes e não rotular as crianças, isto é, se ela cometer uma ato de egoísmo, o que deve ser ressaltado é a ação e não dizer para a criança que ela é egoísta, pois assim essas ”qualificações” passam a fazer parte da sua identidade. Muitas vezes, na ânsia de fazer com que as crianças se comportem bem, focaliza-se atenção demasiada ao mau comportamento ao invés de atentar para o bom comportamento, fazendo com que a criança continue praticando o mau comportamento e receba cada vez mais atenção. Para os pequenos, conseguir alguma atenção, mesmo que negativa é melhor que nenhuma ou pouca. Contudo, se a criança percebe que conseguirá sua atenção e reconhecimento (verdadeiro) realizando um bom comportamento, elas buscarão comportar-se cada vez melhor. Outro aspecto essencial para que as crianças se sintam amadas é a disciplina e limite. Embora reajam negativamente e com frustrações aos limites e à disciplina, elas se sentem protegidas por eles e percebem que se importam com ela. Segundo Içami Tiba, disciplinar uma criança não é apenas dar ordens e controlar seu comportamento, mas ensiná-la a se autodisciplinar, isto é, capacidade de fazer escolhas certas mesmo quando existir pressão no sentido contrário. A disciplina consiste em fazer a criança abrir mão de um comportamento considerado inadequado ou de conseguir dela um comportamento desejável. Portanto, representa uma medida de frustração e privação, e naturalmente a criança reage com ressentimento e raiva. O educador não deve se influenciar pelas emoções negativas da criança, mantendo a serenidade necessária para a aplicação eficaz da disciplina. É preciso compreender que as crianças, durante toda a infância, são guiadas muito mais pelas emoções do que pela razão. E que a todo o momento estarão testando o nosso amor, às vezes se comportando mau apenas para ganhar mais atenção. É necessário lembrar que a regra mais importante para ensinar a disciplina às crianças é a paciência. “Educar é uma obra –prima, uma obra realmente artesanal, cujo resultado é a futura felicidade dos filhos e de todos à sua volta.” Içami Tiba Referência Bibliográfica: · TIBA,Içami. Quem ama, educa! São Paulo: Editora Gente, 2002. · Beust, Luis Henrique. Educar é Ensinar a Viver – Capacitação de Pais e Educadores em prol de uma Cultura de Paz; 2003.
Limites na Educação dos filhos... Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos os erros de nossos progenitores. E com o esforço de abolir os abusos do passado somos os pais mais dedicados e compreensivos, mas por outro lado, os mais bobos e inseguros que já houve na história. O grave é que estamos lidando com crianças mais "espertas", ousadas, agressivas e poderosas do que nunca. Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ter, passamos de um extremo ao outro. Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos. Os últimos que tivemos medo dos pais e os primeiros que tememos os filhos. Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos. E o que é pior, os últimos que respeitamos nossos pais e os primeiros que aceitamos que nossos filhos nos faltem com o respeito. À medida que o permissível substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudaram de forma radical, para o bem e para o mal. Com efeito, antes se consideravam bons pais aqueles cujos filhos se comportavam bem, obedeciam suas ordens e os tratavam com o devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais. Mas, na medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram-se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que poucos os respeitem. E são os filhos quem, agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem as suas idéias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver. E, além disso, os patrocinem no que necessitarem para tal fim. Quer dizer: os papéis se inverteram, e agora são os pais quem tem que agradar a seus filhos para ganhá-los e não o inverso, como no passado. Isto explica o esforço que fazem hoje tantos pais e mães para ser os melhores amigos e "tudo dar" a seus filhos. Dizem que os extremos se atraem. Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo de seus pais, a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo ao nos ver tão débeis e perdidos como eles. Os filhos precisam perceber que, durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter e de guiá-los enquanto não sabem para onde vão. Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca. Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os e não atrás, os carregando e rendidos à sua vontade. É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e tédio no qual está fundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino. Os limites abrigam o indivíduo. Com amor ilimitado e profundo respeito. Dizem que este texto é de Mônica Monastério (Madrid-Espanha). Se o for, ótimo. Se não, parabéns a quem o redigiu. PS. Texto recebido pela internet.